Conta-se que Pigmalião era Rei do Chipre, a sua vida amorosa era um verdadeiro caos, pois atraía sempre a mulher errada (isto é familiar ao mais comum dos mortais). Ele via tantos defeitos e indecências nessas mulheres que lhes ganhou aversão.
Muito deprimido, decidiu jamais se casar e optou por viver em isolamento e focar a sua energia no trabalho e nas estátuas que fazia.
Uma noite enquanto dormia, Pigmalião foi visitado por uma mulher indescritivelmente bela, era a própria Deusa Vénus, ela pediu-lhe que ele fizesse uma estátua em sua honra. Assim que ele acordou, tratou de colocar mãos ao trabalho e com as suas habilidades requintadas, esculpiu uma figura em marfim em honra de Vénus. Quando terminou achou-se irremediavelmente apaixonado pela sua criação.
Ele vestiu-lhe belas roupas, colocou anéis nos seus dedos e um colar de pérolas no pescoço. Ficava horas com a estátua, beijando-a e acariciando-a como se fosse uma mulher real, oferecia-lhe prendas e sentia-se cada vez mais atraído por aquela mulher de pedra, que para ele era a sua obra-prima.
Naquele dia realizava-se em Pálea (Onde existia um grande templo em honra de Vénus) um festival em honra da Deusa. Nessa noite Vénus surgiu novamente diante de Pigmaleão e ficou encantada com a estátua que ele fizera, disse-lhe então que lhe realizaria um desejo. Ele disse que queria casar-se com uma mulher idêntica à da estátua. Vénus procurou, mas não encontrou na ilha nenhuma que chegasse aos pés da que Pigmaleão esculpira em beleza e pudor, por isso decidiu dar vida ao estátua e chamar-lhe Galateia.
Pigmaleão adormeceu aos pés da estátua e quando acordou beijou Galateia, como sempre fazia. No calor do seu beijo ele percebeu que os lábios que beijavam eram reais, mas ficou tão surpreso que temeu estar enganado. Beijou-a novamente e colocou a mão sobre a perna de Galateia e percebeu que o que era frio marfim era agora pele quente e macia que se entregava aos seus dedos. Sentindo os beijos Galateia corou, abriu os seus tímidos olhos e fixou-os em Pigamlião, que a abraçou e sentiu o coração dela bater como o dele.
Com a bênção de Vénus, Pigmalião e Galateia casaram; tiveram uma filha, Metarme (era tão bela que até o próprio Apolo a pretendeu), e um filho, Pafos, que deu o seu nome a cidade cipriota de Pafos. E viveram felizes.
Esta história de certa forma aborda o tema do “Animus e Anima”. Quando procuramos um par, ou uma “Alma Gémea” estamos na realidade e procurar fora o que na realidade já temos dentro, mas que está adormecido, a nossa parte inconsciente, feminina ou masculina.
O “Animus e Anima” têm a sua base no Inconsciente Colectivo, nos arquétipos. Por exemplo, neste caso, o Arquétipo Feminino de Pigmaleão era a Deusa Vénus e foi nela que ele se baseou para construir o seu ideal feminino. Isso acontece um pouco com todos nós, por isso, quando buscamos o par ideal nem nos apercebemos que estamos a realidade a procurar o nosso oposto complementar. Não é por acaso que temos já um “estilo” definido, um padrão de homem ou mulher que nos atrai mais do que outro, porque esta escolha baseia-se nas nossas próprias características internas. Um homem procura para si uma mulher que encarne as suas características femininas e uma mulher sente-se atraída pelo homem que encarne as suas qualidades masculinas, nos primeiros anos de vida projectamos isso para os nossos pais e mais tarde projectaremos para o nosso companheiro. É por isso que projectamos nos nossos pais um herói, uma heroína, uma princesa, etc… Mais tarde procuramos o “Príncipe Encantado”, com quem vamos viver felizes para sempre, porque isso é um arquétipo presente no inconsciente colectivo.
Alguns exemplos de Arquétipos Femininos:
• Afrodite
• Eva
• Helena
• Artemis
• Deméter
• Perséfone
• Apolo
• Júpiter
• Adão
• Dionisio/Baco
• Poseidon
• Hades
Ou seja, pode-se dizer que uma “Alma Gémea” para um homem é a pessoa que encarna perfeitamente o seu lado feminino e essa pessoa também vê perfeitamente nele o seu lado masculino e para uma mulher é aquela pessoa que encarna perfeitamente o seu lado masculino e que, por consequência, também projecta nela na perfeição o seu lado feminino, por isso é que antes de gostarmos de alguém , temos de gostar de nós próprios.
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