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sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Lenda de Pigmalião e Galateia e o "Animus e Anima"

Sempre que vou a alguma livraria ou biblioteca, não escolho os livros aleatoriamente, faço mentalmente a intenção de que me venha parar às mãos um livro que me dê uma mensagem de orientação. Mais recentemente peguei no novo livro de Vera Leal Faria e ela fazia referência à “Lenda de Pigmalião”, não compreendi ao que se referia nem nunca ouvira falar de tal, mas quando comecei a ler comecei a perceber.
Conta-se que Pigmalião era Rei do Chipre, a sua vida amorosa era um verdadeiro caos, pois atraía sempre a mulher errada (isto é familiar ao mais comum dos mortais). Ele via tantos defeitos e indecências nessas mulheres que lhes ganhou aversão.
Muito deprimido, decidiu jamais se casar e optou por viver em isolamento e focar a sua energia no trabalho e nas estátuas que fazia.
Uma noite enquanto dormia, Pigmalião foi visitado por uma mulher indescritivelmente bela, era a própria Deusa Vénus, ela pediu-lhe que ele fizesse uma estátua em sua honra. Assim que ele acordou, tratou de colocar mãos ao trabalho e com as suas habilidades requintadas, esculpiu uma figura em marfim em honra de Vénus. Quando terminou achou-se irremediavelmente apaixonado pela sua criação.
Ele vestiu-lhe belas roupas, colocou anéis nos seus dedos e um colar de pérolas no pescoço. Ficava horas com a estátua, beijando-a e acariciando-a como se fosse uma mulher real, oferecia-lhe prendas e sentia-se cada vez mais atraído por aquela mulher de pedra, que para ele era a sua obra-prima.
Naquele dia realizava-se em Pálea (Onde existia um grande templo em honra de Vénus) um festival em honra da Deusa. Nessa noite Vénus surgiu novamente diante de Pigmaleão e ficou encantada com a estátua que ele fizera, disse-lhe então que lhe realizaria um desejo. Ele disse que queria casar-se com uma mulher idêntica à da estátua. Vénus procurou, mas não encontrou na ilha nenhuma que chegasse aos pés da que Pigmaleão esculpira em beleza e pudor, por isso decidiu dar vida ao estátua e chamar-lhe Galateia.
Pigmaleão adormeceu aos pés da estátua e quando acordou beijou Galateia, como sempre fazia. No calor do seu beijo ele percebeu que os lábios que beijavam eram reais, mas ficou tão surpreso que temeu estar enganado. Beijou-a novamente e colocou a mão sobre a perna de Galateia e percebeu que o que era frio marfim era agora pele quente e macia que se entregava aos seus dedos. Sentindo os beijos Galateia corou, abriu os seus tímidos olhos e fixou-os em Pigamlião, que a abraçou e sentiu o coração dela bater como o dele.
Com a bênção de Vénus, Pigmalião e Galateia casaram; tiveram uma filha, Metarme (era tão bela que até o próprio Apolo a pretendeu), e um filho, Pafos, que deu o seu nome a cidade cipriota de Pafos. E viveram felizes.
Esta história de certa forma aborda o tema do “Animus e Anima”. Quando procuramos um par, ou uma “Alma Gémea” estamos na realidade e procurar fora o que na realidade já temos dentro, mas que está adormecido, a nossa parte inconsciente, feminina ou masculina.
O “Animus e Anima” têm a sua base no Inconsciente Colectivo, nos arquétipos. Por exemplo, neste caso, o Arquétipo Feminino de Pigmaleão era a Deusa Vénus e foi nela que ele se baseou para construir o seu ideal feminino. Isso acontece um pouco com todos nós, por isso, quando buscamos o par ideal nem nos apercebemos que estamos a realidade a procurar o nosso oposto complementar. Não é por acaso que temos já um “estilo” definido, um padrão de homem ou mulher que nos atrai mais do que outro, porque esta escolha baseia-se nas nossas próprias características internas. Um homem procura para si uma mulher que encarne as suas características femininas e uma mulher sente-se atraída pelo homem que encarne as suas qualidades masculinas, nos primeiros anos de vida projectamos isso para os nossos pais e mais tarde projectaremos para o nosso companheiro. É por isso que projectamos nos nossos pais um herói, uma heroína, uma princesa, etc… Mais tarde procuramos o “Príncipe Encantado”, com quem vamos viver felizes para sempre, porque isso é um arquétipo presente no inconsciente colectivo.

Alguns exemplos de Arquétipos Femininos:
• Afrodite
• Eva
• Helena
• Artemis
• Deméter
• Perséfone

Arquétipos Masculinos
• Apolo
• Júpiter
• Adão
• Dionisio/Baco
• Poseidon
• Hades

Ou seja, pode-se dizer que uma “Alma Gémea” para um homem é a pessoa que encarna perfeitamente o seu lado feminino e essa pessoa também vê perfeitamente nele o seu lado masculino e para uma mulher é aquela pessoa que encarna perfeitamente o seu lado masculino e que, por consequência, também projecta nela na perfeição o seu lado feminino, por isso é que antes de gostarmos de alguém , temos de gostar de nós próprios.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Viver o Conhecimento


"O Conhecimento tem de ser vivido" , é uma grande verdade pois, que tipo de conhecimento se pode adquirir sem se viver e experienciar na primeira pessoa?
Como poderiamos conhecer o sabor de uma pêra se nunca a tivessemos provado, de que nos adiantaria que nos dissessem que a pêra tem a textura de areia doce e que se derrete na boca e não o tivessemos experienciado na realidade? Como poderiamos saber qual a sensação das gotas de chuva a cair sobre o nosso rosto se jamais tivessemos vivido isto?
Não poderiamos simplesmente porque duas pessoas não o sentiriam da mesma forma e é por isso que antes que se possa falar sobre algo o tenhamos experimentado de alguma maneira. Até mesmo quando nos encontramos em posição de indicar o caminho a alguém não lhe podemos dizer: "Vai por ali, vais achar o caminho mais aprazível, mais bonito, eu escolhi este caminho e gostei", mas a verdade é que não sabemos se a pessoa vai ter sensibilidade para apreciar o caminho da mesma forma que nós, ou se chegará ás mesmas conclusões. Portanto o mais correcto é antes de mais nada fazer com que a pessoa olhe para dentro de si mesma e reconheça qual o caminho que deve tomar, de acordo com o seu coração e os anelos da sua alma, para que ela mesma experiencie o conhecimento Universal.
Seja como for, o Conhecimento tem de ser vivido, para que não nos tornemos uns teóricos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Os escravos do intelecto II

Todos nós, de uma forma ou de outra somos demasiado mentais, passamos os dias com diálogos interiores desenvolvidos pela mente, a racionalizar tudo e mais alguma coisa e acabamos por ficar densos, como se andássemos com um pedaço de chumbo sobre a cabeça.
Ao longo do tempo vamo-nos tornando pessoas muito mentais e com pouco coração, escondidos atrás de gigantescos muros de padrões e conceitos mentais, os pensamentos não passam pelo filtro do coração, fazendo com que nos tornemos reactivos e agressivos. Isto cria sentimentos de depressão, ambiguidade, desconforto, inadaptabilidade, vazio interior e pessimismo.
Isto leva-nos a ficar conectados com a “lunaridade” psíquica que cria um peso, fazendo com que nos sintamos “escuros”, porque a mente é um véu negro sobre a luz do coração.
Acabamos por nos assemelhar a máquinas, verdadeiros autómatos, frios, mecânicos, calculistas e embrutecidos porque nos tornamos escravos do intelecto.
Apesar de tudo o coração/essência acaba sempre por encontrar uma forma de se expressar, mas imediatamente o calamos, não o queremos ouvir porque a sua voz e poderosa que põe tudo a nu e nos deixa impactados em laivos de verdadeira consciência (que nada tem a ver com a mente) e vemos as coisas que poderíamos ter feito e não fizemos, as coisas que fizemos e não deveríamos ter feito. É então que sentimos uma opressão no peito, o desespero toma conta de nós porque não somos aquilo que poderíamos ser e pelos motivos mais variados.
No dia em que nada sentirmos perante o nosso próprio egocentrismo, é porque a luz da Essência se apagou.

Sintonia com a Mãe

terça-feira, 19 de abril de 2011

Kuan Yin

Deusa Kuan Yin

A bonita, contemplativa e inspiradora Kuan Yin (ou Guan Yin) representa a face feminina de Buddha, muito embora se desconheça qualquer relação entre ambos.
A origem de Kuan Yin (aquela que considera, escuta e vigia as lamentações do mundo) não é muito clara, mas algures li que esta era uma princesa, a qual queria tornar-se Buda (o qual era o seu destino), mas todos os mestres que visitava lhe diziam que para se tornar uma iluminada ela tinha de reencarnar como homem (porque a mulher era vista como destabilizadora e provocadora de tentação e as sociedades antigas eram altamente patriarcais) todavia ela recusou, haveria de tornar-se Buda, mesmo sendo mulher.
Ela conseguiu cumprir o seu destino, apesar das limitações que lhe foram impostas (sendo por isso motivo de inspiração) e converteu-se em Kuan Yin, a Senhora do Karma e da compaixão.
É também considerada a personificação do aspecto Yin da Criação, a Mãe Divina que ama incondicionalmente todos os seus filhos, apesar dos seus erros e falhas.
Enquanto face da Grande Mãe ela representa a Mãe orientadora que ampara e ajuda o filho no seu desenvolvimento interior e o impulsiona para encontrar o melhor de si mesmo e partilha-lo.
Kuan Yin representa o ideal de feminilidade no oriente, sendo descrita como uma mulher esbelta que enverga um manto branco. Na sua mão esquerda tem um lótus branco, símbolo da pureza. A sua cabeça está coberta por um véu ou uma coroa em forma de lótus, a qual representa a abertura do Chakra da Coroa. Ela é também retratada cheia de ornamentos ou como uma Dakini (dançarina) como A Deusa Tara.
Ela é também conhecida como uma das grandes mestras ascensas , a qual detém o título de “Deusa da Misericórdia” porque personifica as seguintes qualidades divinas: misericórdia, compaixão e perdão.
Diz-se que Ela não atingiu o Nirvana porque decidiu esperar e ajudar todos os seres sencientes a tornarem-se iluminados.
As mulheres que se encontram sobre a influência deste arquétipo são Mães, não porque já têm filhos, mas porque tendem a ser mães de todos, gostam de cuidar, ajudar, orientar. São doces, calmas compreensivas, embora disciplinadas e disciplinadoras, pois gostam de ordem (porque Kuan Yin é a senhora do Karma).
Quando Ela surge nas nossas vidas é porque precisamos de desenvolver a virtude da compaixão e a inteligência emocional. È preciso meditar, aquietar e disciplinar a mente. Inspira-nos a aceitar as nossas faltas e as dos nossos semelhantes, a sermos compassivos e pacientes, convida à não identificação egoica, à transcendência e despertar da consciência apesar de todas as dificuldades que possam surgir.
Rege as mães e pais, psicólogos e guias espirituais.
Pode ser invocada para trabalhos de cura karmica, transmutação, perdão, tendências perfeccionistas e maledicentes.

Palavras-chave: Gentileza e compaixão
Mensagem:  “Não julgues o teu semelhante, compreende pois que também ele sofre e faz o melhor que sabe e pode.”
Cultura: Oriental
Elemento: Água
Virtude: Inteligência Emocional
Representação:  A Iluminada

Kuan Yin


Que de luz inunda a Terra
A Senhora do Lótus
Escutai os lamentos do mundo
E limpai nossas lágrimas
Com vosso alvo manto
Na vossa presença
As mentes aquietam-se
E os corações se libertam
Das melancolias da vida
Sois a mais bela das pérolas
E a filha do Lótus
Aquela que é imaculada
E inspira os nossos corações
A um perpétuo refinamento
Levai convosco os nossos tormentos
E conduzi-nos ao despertar.